quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

U2 na New Time



O Bloguilhéu recebeu agora pela manhã a informação de que há fortes rumores de que show do U2, da turnê 360°, poderá vir para a New Time em Palhoça.

O primeiro lote de ingressos é exclusivo para quem tem Cartão Angeloni.

Bono será entrevistado pela Laine Valgas no J.A. Cidadão, e fará oficialmente uma reclamação contra esse "governo espúrio que permitiu que qualquer miserável tenha crédito para comprar um carro", o que ocasionou uma drástica redução no número de CG's 125 estacionadas à frente da danceteria.

Devido a algumas limitações logísticas, o show 360° na New Time será de apenas 90°.


ATUALIZAÇÃO às 14h10min

Se confirmada a presença do U2 na New Time, o Prefeito de Florianópolis colocará uma bandeira da banda na entrada da ponte.

ATUALIZAÇÃO às 14h35min

Pagando com o Cartão Angeloni, seus pontos podem ser trocados por um lindo varal de chão (com abas).

ATUALIZAÇÃO às 16h23min

Jornal do Almoço fará a promoção "dê uma volta de 360° ao redor da Figueira e ganhe um ingresso para o U2 na New Time". O ganhador será o entrevistado especial do J.A. de sábado.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cerveja Falada

Release que recebi do meu amigo Demétrio, sobre o curta Cerveja Falada, que documenta a história de Rupprecht Loeffler e sua cervejaria Canoinhense.



Cerveja Falada no 17º Vitória Cine Vídeo

O curta metragem Cerveja Falada será exibido no dia seis (06) de Dezembro, segunda-feira, no Cinema montado na Arena Vitória a partir das 19h30min. O filme é uma das vinte sete produções finalizadas em 35mm selecionadas no 17º Vitória Cine Vídeo – 14ª Mostra Competitiva Nacional, que será realizado de 05 a 10 de dezembro de 2010, em Vitória, no Espírito Santo. O festival tem o objetivo de apresentar uma programação gratuita com as mais recentes realizações de cinema e vídeo do Brasil.

O documentário, o curta-metragem Cerveja Falada, sobre Rupprecht Loeffler e sua cervejaria Canoinhense, foi premiado no edital Prêmio Cinemateca Catarinense/Fundação Catarinense de Cultura de 2008 e rodado durante os meses de junho e julho de 2009, na cidade de Canoinhas, interior de Santa Catarina. Montado em Florianópolis no segundo semestre do mesmo ano, a obra foi finalizada 35mm no mês de março de 2010, em São Paulo. A produção é assinada pela Exato Segundo Produções Artísticas, com direção de Demétrio Panarotto, Luiz Henrique Cudo e Guto Lima.

O filme teve sua estréia na cidade de Canoinhas no mês de agosto em duas sessões lotadas, com a presença do Sr. Rupprecht Loeffler e família. Em outubro ocorreu seu pré-lançamento em Florianópolis exibido em três sessões e um público de mais de trezentos espectadores. O filme também foi selecionado no Faial Filmes Fest 2010 – Festival de Curtas das Ilhas (Azores Short Film Festival) e exibido no projeto CURTA CINEMATECA ESPECIAL, da Cinemateca Brasileira. Agora participará do 17º Vitória Cine Vídeo.


A cervejaria Canoinhense, fundada em 1908 e passada de pai para filho, é a única no Brasil que conseguiu manter as suas características originais e atividades até os dias de hoje. Mantêm a forma de produção cervejeira de um passado distante nos moldes das cervejarias alemãs do século XIX, como se tivesse parado no tempo. Uma prova ainda viva de técnicas que foram se tornando obsoletas diante das facilidades da vida moderna, métodos e tipos de vida que parecem não ter mais espaço no dia-a-dia conturbado das grandes cidades.

Seu Loeffler, hoje com noventa e três anos, acompanhado de dona Gerda, com quem está casado a mais de sessenta, orgulha-se muito desta trajetória e nos conta no filme muitas situações vividas ao longo dos anos. Propicia assim ao espectador um passeio por fatos importantes que marcaram a história do século passado. Remonta a memória de seu pai e do século XIX, ingressa com lucidez e vivacidade no século XXI, contando-as com um olhar de quem passou a vida envolvido com uma de suas grandes paixões: a cerveja.

O documentário, com 15 minutos de duração, é apenas um aperitivo desta história, e ao mesmo tempo um convite para que as pessoas conheçam um pouco mais do legado da cervejaria Canoinhense, de seu Loeffler e de sua vida devotada a paixão pelo trabalho e a manutenção de uma tradição familiar.

Mais informações: www.vitoriacinevideo.com.br

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dois - Cabernet


DOIS - Cabernet from KVK81 on Vimeo.

Banda Dois interpretando Cabernet, música que integra o primeiro EP do grupo.
Filmado em 26/11/2010 durante um pocket show de aniversário do Henrique - baixista e trompetista - no Caffe Cult, anexo à Escola de Música Rafael Bastos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Avaí ou Figueira? Quem é melhor?

The answer, my friend, is blowing in the wind, the answer is blowing in the wind...

Foto: Blog do Castiel 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Caio: nome próprio ou conjugação verbal?

Foto: Heuler Andrey, Agência Estado


Caio é nome próprio. Mas "caio" também é uma conjugação do verbo "cair".

A tarde deste domingo foi um convite irrecusável ao óbvio trocadilho entre o Caio nome próprio e o caio verbo.

Pois o nome próprio triunfou sobre o verbo.


Caio brilhou, o Avaí não caiu.

Na feliz tarde de domingo, o verbo cair, já tido como conjugação certa por alguns, foi deletado da Ressacada.

E Caio, nome próprio, deixou de ser próprio, para transformar-se no nome coletivo de cada Avaiano.

No ano em que não caímos, somos agora todos Caio.



sábado, 27 de novembro de 2010

Libera, Fofa!!!

É tão grande a agitação que envolve a partida do Avaí amanhã, que até mesmo as esferas conjugais foram alcançadas.
É o caso do casal Alexandre e Cíntia, ela singelamente chamada por Fofa na intimidade marital, ele um Avaiano roxo.
Pois quis o destino que o jogo da vida do Avaí caísse exatamente na data em que o casal comemora 12 anos de vida conjugal.
E aí o marido, dividido entre o amor e o amor, resolveu começar uma campanha intitulada "LIBERA, FOFA!", explicada abaixo com as palavras do próprio protagonista:

"Esta foto é da minha esposa Cíntia, a Fofa e meu filho Guilherme. Dia 28 de novembro, próximo domingo, completaremos 12 anos de casados, mas, neste dia tem jogo na Ressacada.
Sobre a importância do jogo não preciso dizer nada pra vocês, mas peço a ajuda para convencê-la a me liberar para o jogo mandando um e-mail para liberafofa@gmail.com. Isso pode fazer toda a diferença.
Ela é professora do 1º Ano D (vespertino) no Colégio Catarinense. Se você a encontrar pessoalmente, interceda por mim.
É lógico que ela não sabe que eu estou fazendo este pedido pra vocês, então, disfarcem,hehe.
Valeu!
Alexandre Mendonça




O Blogulhéu, é claro, abraça efusivamente esta romântica campanha.
Então o recado está dado e a campanha segue a todo vapor.
E amanhã, todos os caminhos levam à Ressacada, seja você solteiro ou casado.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Torcedor do Figueira: não assista este vídeo

Talvez você não reconheça este nome. Alfredo Santos Loebeling foi árbitro da partida entre Figueirense e Caxias em 2001 pela série B, que entraria para a história como a partida de acesso do Figueirense à Série A.

Alguns meses atrás, o ex-árbitro concedeu uma entrevista em que relata os bastidores da polêmica partida, a influência política que colocou de maneira vergonhosa o time do Estreito na primeira divisão do futebol brasileiro, e o seu banimento do quadro de árbitros por não ter aceitado participar da fraude.

O Bloguilhéu adverte: torcedores alvinegros não devem assistir este vídeo até o final. Sério, não façam isso. Vocês morrerão de vergonha. Acreditem, não assistam.


Via memoriamagnetica on Vimeo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Apanhei-te Cavaquinho

Yamandu Costa e Armandinho, dois virtuoses da música brasileira, interpretando a canção Apanhei-te Cavaquinho. Tentei encontrar um adjetivo para o que você verá neste vídeo, mas não consegui.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Imagens de Serra após a eleição

Após uma cansativa e medíocre campanha presidencial, o Bloguilhéu foi respirar o ar fresco da Serra Catarinense, e aproveitou para registrar algumas imagens para ilustrar o post de hoje.











terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eleições e a Agricultura Familiar

Publicamos abaixo mais uma manifestação respeitosa, baseada em experiências reais do cotidiano da Cooperativa da Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral. Recebemos esta mensagem porque somos clientes da Cooperativa na compra de produtos orgânicos, e consideramos um importante testemunho que pode contribuir com o deslocamento do debate infrutífero para um debate de idéias que interessam à nossa sociedade.


Caros clientes da CooperAgreco,

Pedimos desculpas pela ousadia, mas consideramos necessário incluir na cesta desta semana, junto com o sabor de nossos produtos, este texto que traz reflexões de quem tem lutado para produzir alimentos limpos e saudáveis para você e sua família, assim como para construir uma sociedade brasileira que respeite a natureza e os homens e mulheres do campo.

Estamos, neste momento, vivendo um processo eleitoral que julgamos decisivo para a definição do ambiente político-institucional em que atuamos. Por isso, temos acompanhado com muito interesse as discussões sobre a eleição presidencial. Temos feito isso em contato com nossos representantes de vendas, com compradores de supermercados, com consumidores finais, nos restaurantes em que nossos produtos são servidos, e, de forma geral, por todos os lugares urbanos em que passamos.

Percebemos, em boa parte dos casos, que as opiniões estão sendo formadas sem considerar as políticas públicas voltadas à agricultura familiar e, especialmente, à agricultura orgânica. Ora, mas são essas políticas que nos afetam diretamente e que tornam possível, ou não, aumentarmos e melhorarmos a produção do que levamos as suas casas e mesas. Passamos a perceber que, na cidade, essas políticas são, contudo, muito pouco visíveis.

Por este motivo, pensamos ser importante indicar a você, caro cliente cidadão (no duplo sentido de “habitante da cidade” e “indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos”), como vivenciamos as políticas federais que afetam o campo nos últimos oito anos (Governo Lula).

Se, hoje, somos uma rede de mais de 300 famílias de agricultores das Encostas da Serra Geral, é porque tivemos, ao longo desse período, grandemente ampliadas as oportunidades de produção e comercialização de alimentos orgânicos.

Esse avanço foi possível com o auxílio de diversos programas do Governo Federal. Os dois principais: o PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e o PAA - Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, que garantiram crédito e canais institucionais de comercialização para que pudéssemos expandir nossa produção e aumentar o número de agricultores familiares convertidos à produção orgânica.

A continuidade desses programas parece óbvia. Mas, não é! Exige compromisso com um modelo de desenvolvimento sustentável e com uma perspectiva de fortalecermos um Brasil rural com gente. Muita gente. E vivendo feliz, criando aí seus filhos e netos.

Pois bem, nossa experiência mostra claramente que esse compromisso existe apenas na candidata da Coligação “Para o Brasil seguir mudando”, Dilma Roussef. A outra candidatura aponta, ao contrário, para a descontinuidade, com uma ruptura com os princípios dessas políticas, seja em função de suas próprias opções, seja em função dos compromissos que já assumiu com os grandes produtores do agronegócio.

A CooperAgreco, juntamente com a Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agreco), tem o sonho de ter nessa região, rica em nascentes d’água, remanescentes da Mata Atlântica e agricultura familiar ainda “colonial”, um território sustentável que garanta a qualidade desses recursos naturais e a dignidade do seu povo. Ela quer concretizar esse sonho e sabe que isso exige, por mais tempo, o apoio de políticas públicas diretamente voltadas à agricultura familiar orgânica.

Foi considerando sua preferência por nossos produtos e sua confiança em nossa postura ética, tanto na produção dos alimentos que você dá aos seus filhos, quanto na construção de um mundo melhor que também será para eles, que julgamos possível e adequado fazermos essa manifestação.

Muito obrigado pela compreensão e pelo apoio.

CoperAgreco.

Eleições e as pessoas com deficiência


Transcrevo abaixo mensagem que recebi do meu amigo Adriano H. Nuernberg, professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisador nas áreas de Psicologia Escolar e Educacional e Estudos sobre Deficiência.

Meus amigos,

Estamos a ponto de realizar a escolha entre os candidatos à presidência do nosso país e creio que todos desejam fazê-la com base em argumentos consistentes.

Não estou aqui para satanizar ou idealizar nenhum candidato, mas apenas apresentar um argumento pontual, pertinente à minha área de trabalho como professor e pesquisador, que contou para que minha opção fosse pela candidata Dilma Rousseff (PT).

Nos últimos anos vimos os maiores avanços na inclusão das pessoas com deficiência no país, em todas as esferas: trabalho, educação, saúde, assistência social.

Também foi durante o governo Lula que se aprovou, com a agilidade merecida, o mais importante documento para a defesa dos direitos das pessoas com deficiência, a Convenção Internacional pelos Direitos da Pessoa com Deficiência, promulgada pelo presidente em 2008.

Por sinal, essa Convenção foi amplamente criticada por alguns membros do PSDB que são muito influentes na Educação Especial brasileira, como Eduardo Barbosa ( do PSDB-MG que também é presidente da Federação Nacional das APAEs).

Avaliando as propostas de ambos os candidatos, fica claro que Serra, que conta com o apoio das APAEs, acena para o reforço de uma política segregacionista que historicamente se perpetua no país.

Ademais, tenho estado atento ao modo como Serra se refere às pessoas com deficiência, em grande parte das vezes evidenciando uma noção pautada pelo modelo médico e a assistencialista da deficiência.

Para mim, Dilma representa a continuidade do reforço dos mecanismos democráticos como as Conferências pelos Direitos das Pessoas com Deficiência, que levam a voz desse grupo social para as decisões quanto às políticas públicas dessa área, pensando a Deficiência como um tema transversal a todas as esferas, da Educação, ao trabalho, à Assistência, e o fazendo a partir de um modelo social da Deficiência.

Serra, ao contrário, reforça a lógica do especialismo e da segregação, ao propor o “Ministério da Pessoa com Deficiência”.

Não se enganem: as pessoas com deficiência não querem nada especial, nem Estatuto, nem Ministério só para elas, mas sim, ver seus Direitos Humanos reconhecidos, como nosso atual presidente tem sido capaz de reconhecer nesses anos, situando a Coordenadoria que trata das questões desse grupo social na Secretaria de Direitos Humanos e enfrentando a questão das barreiras às pessoas com deficiência em todos as áreas, transversalmente.

Enfim, existem vários outros motivos que pautam minha escolha por Dilma, dentre eles estão aqueles que a ilustração neste link descreve. Aqui desejei apenas acrescentar outro motivo que pode ser considerado em suas escolhas.

Abraço a todos e obrigado pela atenção.

Adriano H. Nuernberg

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A vitória de ontem

Por Alexandre Francisco Cavallazzi Mendonça

Ouso dizer que o Avaí começou ganhando o jogo! Ganhando?! Sim, ganhando ainda no ônibus, quando passou pela torcida apaixonada, uns com faixas, cartazes e bandeiras, outros com fogos, sinalizadores, tambores e cornetas, mas todos com sangue nas veias, pulmões na garganta e lágrimas nos olhos.

Ali naquele momento, a Ressacada voltou a pulsar. Tal como um desfibrilador, cada grito, cada espocar de um foguete era como um choque no coração do Leão. Aquele tiro que tomamos no primeiro minuto parecia ter nos atingido em cheio, tanto que sangramos por cinqüenta minutos. O Leão por um momento havia esquecido que vestia um escudo azul.

No intervalo, aquelas ações da torcida começaram a fazer efeito. Os jogadores viram que deviam fazer mais e melhor. E, fizeram. Na primeira estocada, o inimigo acusou o golpe e o Coração Azurra aumentou o ritmo das batidas. Veio o segundo seguido de êxtase e o terceiro sem adjetivos. O Leão respirou o ar que saia dos pulmões da torcida, como numa respiração boca a boca.

A batalha estava de novo nas patas do Rei da Ilha, mas longe de terminada. Das arquibancadas eram fornecidos o oxigênio o sangue e o soro, do lado do gramado, gandulas, jogadores reservas, o técnico e demais integrantes do banco eram os auxiliares de enfermagem, cada um cumprindo seu papel. Do lado de fora, alguns abutres até sobrevoavam fazendo questão de lembrar que o Leão costuma tomar um tiro no final das batalhas, repetindo aquilo como um mantra, na esperança que essa desgraça se repetisse.

Encerrada a batalha, o animal estrangeiro estava definitivamente abatido em terras sagradas e o Leão, Rei da Ilha, ferido, mas vitorioso, desabou ao chão num gesto que demonstrava muito mais do que imaginamos. Ao fim daquela luta, gramado ao qual os Jogadores se entregaram exaustos, transfigurou-se de campo de batalha em braços da torcida. Cada torcedor estendeu seus braços e amparou o Leão exausto, mas não abatido; ferido, mas não morto.

O que vem depois, só interessa ao depois, hoje o coração pulsa com mais vigor, com mais sangue e com mais oxigênio. A ferida ainda não está curada, mas o remédio e o tratamento não podem parar.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um Vereza e um apedeuta...

Eu tenho um problema. Às vezes eu encasqueto com uma coisa, e meu lado chato não me deixa em paz enquanto não vence a batalha.

Querem um exemplo recente?

Trata-se de um vídeo que está no youtube, com uma entrevista do ator Carlos Vereza no Programa do Jô, em que ele faz um apaixonado discurso com veementes críticas ao Partido dos Trabalhadores, e rasga elogios quase orgasmáticos ao José Serra.

Até aí nada de mais. Está no seu direito. Jô também tem esse direito de fazer do seu programa um espaço anti-petista, com as suas meninas tucanizadas travestidas de comentaristas políticas. Tudo normal até aí.

O que me deixou intrigado é uma informação que vem com o vídeo, de que esta entrevista teria sido "censurada" pela Globo e pelo PT devido ao forte tom de acusação do ator global, o que causa um enorme alvoroço nas hostes anti-petistas sempre à espera de algum fato que finalmente sirva como prova cabal que o Brasil vive um regime ditatorial.

Obedecendo meu lado chato, resolvi tirar a dúvida diretamente com o principal protagonista. Fui ao blog do ator, peguei seu e-mail e escrevi diretamente a ele. As mensagens seguem abaixo:

Primeiro e-mail:

15 de outubro de 2010 01:12
De: jd
Para: carlosvereza@hotmail.com

Prezado Carlos

Peço licença a você para lhe fazer uma pequena pergunta: é verdade que a sua entrevista no Jô Soares foi censurada?
Atenciosamente,
João David
Florianópolis - SC

Resposta do ator

15 de outubro de 2010 04:26
De: Carlos Vereza
Para: jd

Mas não pelo Jô! Coisas do PT! Um abraço. Carlos Vereza.


Minha nova mensagem ao ator

15 de outubro de 2010 14:11
De: jd
Para: Carlos Vereza

Caro Carlos Vereza
Muito obrigado pela atenção e pela rápida resposta.
Mas ainda não ficou claro para mim: o programa foi ao ar ou foi vetado pela Globo?
Desculpe pela insistência.
Agradeço mais uma vez sua atenção.
Forte abraço
João David




Enquanto escrevo este post, continuo aguardando a resposta do ator global. 

Provavelmente, a vida atribulada de uma personagem tão relevante da tv brasileira não permite que ela tenha tempo a perder com pessoas desconhecidas que ficam obedecendo ao seu lado chato, importunando atores em busca de esclarecimentos sem a menor importância.


Imagino ser esta a explicação para o caráter vago e impreciso de sua primeira resposta, e para o silêncio após a minha nova pergunta. 


Portanto estaria tudo bem comigo, não fosse esse meu lado chato - ele de novo? - ficar sussurrando em minha mente a idéia de que se o ator não quis me responder de forma clara, é porque talvez ele tenha interesse em que esta história continue com este enredo, o de um partido que censura as opiniões contrárias.

E o pior: este lado chato descobriu na internet a informação de que a dita entrevista foi ao ar no dia 06 de maio de 2006, o que aumentou a minha dúvida sobre se não teria sido bem mais simples se o ator respondesse que não, a entrevista não foi censurada.


Ou talvez eu não tenha entendido mesmo a sua primeira resposta porque sou um simples apedeuta.


Diante desta situação, só me resta esperar. Ainda prefiro acreditar que ele apenas não teve tempo para me responder.

domingo, 17 de outubro de 2010

Bloguilhéu abre o voto

Meu voto é cheio de ressalvas e críticas, mas voto para evitar um mal pior: o retorno do PFL/PSDB/VEJA ao comando do país.

Não porque eles comem criancinhas, são do demônio, fazem abortos e fecham igrejas, ou outras tantas asneiras que andamos ouvindo por aí, mas porque acredito que o seu projeto político foi e é prejudicial ao país.

Só isso.

A plena democracia é assim, liberdade para pensar e escolher.

É apenas a minha opinião. Não é melhor nem pior que a dos outros.

E que no dia 31, caibam todas as livres opiniões nas urnas deste país...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Ato falho de Serra, O Estadão e Freud

Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim, que perguntar carece: como não fui eu que fiz? (Milton Nascimento)

Seguindo o princípio do Milton, há certos textos que eu leio que se encaixam tão bem com meu pensamento, que o melhor a fazer é nem tentar reescrever as idéias; e somente copiar literalmente.

É o caso deste artigo que acabo de ler no blog  O Escrevinhador e transcrevo para o conhecimento dos leitores e amigos do Bloguilhéu:

O Ato falho de Serra, O Estadão e Freud
por Rodrigo Viana


Como sabem aqueles que conhecem um pouquinho de Freud, os atos falhos são – por definição – reveladores daquilo que anda em nosso inconsciente, e que muitas vezes tentamos esconder.

Quando alguém vai ao psicanalista, às vezes passa horas e horas tentando explicar o que pensa e o que sente. Discurso controlado, consciente – e que no mais das vezes encobre a verdade.

Um ato falho, que o paciente deixe escapar em meio a dezenas de sessões, às vezes dá uma pista mais importante para o psicanalista do que horas e horas de blá-blá-blá. O ato falho revela o que está reprimido, e pode apontar o longo caminho da cura (ainda que – quase sempre – a cura não seja a felicidade absoluta, mas a infelicidade suportável).

Vejam se não é um ato falho maravilhoso esse cometido por Serra hoje, ao falar do aborto: “Estão querendo tirar o aborto da pauta. Eu nunca disse que sou contra o aborto, porque sou a favor o aborto”, disse primeiro Serra, para surpresa da plateia. “Ou melhor, sou contra o aborto”, corrigiu em seguida.” A notícia eu li aqui.

Não é sensacional?

A campanha de Serra foi a beneficiária do terrorismo religioso envolvendo o aborto na reta final da eleição. Ou vocês acreditam que essa história tenha sido um debate que surgiu “naturalmente” na sociedade? O Paulo Moreira Leite – jornalista que trabalha na revista “Época”, mas que tem a qualidade de não brigar com os fatos – acha que não. Confiram aqui o que diz o Moreira Leite sobre isso.

Mas, de volta ao ato falho…

Serra, como sabemos, não é um homem formado nas tradições da direita. Isso é que é mais triste. Se fosse o Alckmin, que milita na Opus Dei, a gente entenderia. E até respeitaria mais – porque a Opus Dei é visceralmente contra o aborto.

Mas o Serra não vem dessa tradição conservadora. Está apenas usando esse discurso – de forma hipócrita, desavergonhada, sem nenhuma convicção.

Pra espalhar o medo e a boataria sobre aborto, Serra precisa reprimir o que ele mesmo – no íntimo – deve pensar sobre o fato. Tanto que – quando ministro – o tucano corretamente assinou uma portaria regulamentando o aborto no SUS.

Por que Serra fez isso? Porque é um malvado assassino de crianças? Não. Porque é o mais razoável. E porque o PSDB – por mais críticas que se possa ter ao programa político e econômico do partido – nunca foi uma legenda obscurantista. Não é essa a tradição de FHC, Covas, Montoro.

É por isso que o ato falho fez-se presente. Revelou a hipocrisia, revelou o que Serra gostaria de manter escondido.

Não sou psicanalista. Talvez Maria Rita Khel, que é psicanalista, pudesse escrever sobre esse magnífico ato falho. Isso se o “Estadão” não tivesse vetado textos dela com conteúdo político. É que a Maria Rita Khel não segue a linha do jornal – que apóia o tucano.

Serra dizer “sou a favor do aborto” é um ato falho tão revelador como o “Estadão” (tão preocupado com a “liberdade de expressão” sob ameaça do “lulo-petismo”) dizer à Maria Rita: “não escreva sobre política”.

A direita vem à tona. À tiracolo traz preconceito, hipocrisia, caça às bruxas.

É como se o segundo turno – tão comemorado como oportunidade de “qualificar o debate” – levasse o Brasil não para o futuro, mas de volta para os séculos XVI ou XVII. Naquela época, a Inquisição podia prender, interrogar, torturar e – no limite – executar aqueles que se afastavam da “verdade de Deus”.

O obscuratismo insuflado pelos tucanos leva-nos de volta a esse caminho. A Inquisição já não há. Mas o desejo inconsciente de prender, interrogar, torturar e executar segue a habitar os recantos das mentes mais conservadoras.

O debate sobre o aborto é necessário. E pode ser feito de forma séria. Mas os tucanos querem o boato, o medo. Jogam no lixo a história de um partido que nasceu para “modernizar” a política brasileira – lembram? Mas que agora se afunda, de braços dados com a pauta da extrema-direita religiosa.

Por que Serra aceita esse papel?

Freud talvez explique.


[Fonte: blog O Escrevinhador]

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Comentário sobre os comentários


Caros amigos e leitores

Estou muito feliz pela positiva repercussão do artigo publicado no post anterior, não apenas entre os evangélicos, mas entre muitos outros que se identificaram com as idéias contidas no texto, independente de bandeiras e crenças religiosas.

O número de acesso ao Bloguilhéu nestes dois dias triplicou, e além dos vários comentários no próprio blog, recebi uma grande quantidade de e-mails de muitas pessoas comunicando-me que o texto estava sendo reenviado às suas listas de contato. 

Agradeço a todos pelas belas palavras de estímulo escritas nos comentários.

Quero comentar a ótima contribuição do Wolney, dizendo que sim, concordo plenamente que a boataria extrapola as portas das igrejas evangélicas e alcançam os mais diferentes lugares e credos, o que deve entristecer qualquer cidadão que tenha o mínimo de consciência ética.

Fico honrado em saber que este texto está sendo copiado e enviado adiante, o que obviamente muito me alegra.

Quem sabe - não custa sonhar - com estas palavras sendo espalhadas por aí, pessoas possam ouvir o murmúrio de uma brisa suave trazendo mudanças, abrindo-lhes os olhos e dando coragem para sair de suas cavernas de alienação e inércia, como Elias no Monte Horebe (1 Reis 19). 

Reconheço - sou realista - que o texto está longe de obter a mesma força e velocidade de um boato mal intencionado, mas ao menos pode servir como um singelo sinal de que ainda há nesta terra muitos cujos joelhos não se dobraram diante de determinados altares.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleições presidenciais: os evangélicos e o mar de boataria

Caros irmãos

Não está fácil assumir ser evangélico nos dias atuais. Por causa de alguma perseguição religiosa? Não. Por causa dos próprios evangélicos.

Explico-me.

O que eu vejo acontecer dentro do território evangélico nestas eleições presidenciais tem me causado uma mistura de indignação, vergonha, constrangimento e nojo.

Não quero generalizar, é claro, mas fico impressionado com o alto grau de preconceito, de ingenuidade, ou - o que mais me assusta - com o alto grau de perversidade que tem marcado a participação de uma parcela evangélica no processo eleitoral.

Perturbo-me com a capacidade que um boato tem de se instalar e se propagar por entre as fronteiras evangélicas.

Poucas vezes vi tanta perversidade.

Maldade mesmo.

Ingenuidade às vezes. Será?

Um evangélico deveria ser prudente como uma serpente (Mt.10:16), e não a própria serpente. Descubro entristecido que em nosso meio há muitos que “aguçaram a língua como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios” (Sl.140:3).

Outros há que deixam-se ser picados por serpentes. E repassam o veneno.

Veneno impregnado de preconceito e cólera.

Dilma é lésbica. Espalham um e-mail possivelmente falso de uma suposta ex-amante. Ninguém consegue encontrar a mulher; o advogado citado no texto não existe, não tem nem registro na OAB. Não interessa, o importante é passar a informação adiante, verdadeira ou falsa.

Dilma disse em Minas Gerais que nem Cristo tira dela a vitória. Chuvas de mensagens repassadas com esta “blasfêmia”. Mentira. O jornal Estado de Minas, que faz parte do Grupo Diários Associados, informou que a suposta declaração não existiu. A candidata não teria dito aquela frase em comitê algum de Minas. Mas não interessa, o importante é passar a informação adiante, vedadeira ou falsa.

Dilma vai fechar as igrejas. Reedição da velha ladainha de tantos anos, desde que Lula foi candidato pela primeira vez. Com alta porcentagem do “voto evangélico”, elegeu-se Collor, que realizava sessões de umbanda nos porões da Casa Presidencial, e todos sabem o que aconteceu.

Dilma matou pessoas. Guerrilheira, pegou em armas, é uma pecadora da mais alta periculosidade. Informação fora de contexto, que só quem sabe o que é uma ditadura compreende. Mas a idéia de uma mulher terrorista cabe muito bem a quem quer impor medo aos incautos. E a claque evangélica aplaude, regozija, e passa adiante - e radiante - a informação. Mentira? Verdade? Não importa.

Dilma é a favor do aborto e dos homossexuais. Como se nenhum outro candidato fosse. Como se estivéssemos decidindo uma eleição para presbítero ou diácono. Como se Serra e Marina fossem missionários evangélicos lutando pela implementação dos preceitos bíblicos em cada casa no país. Como se não houvesse, em todos os partidos políticos, sem exceção, integrantes alinhados com causas sociais complexas, que alguns evangélicos insistem em reduzir ao simplismo de ser contra ou a favor. E aqui evangélicos unem vozes com a força retrógrada da CNBB, num raro ecumenismo contra um mal pior: a desigualdade social? não, o PT.

O PT é o representante do império da iniquidade. Sim, e os quinhentos anos de massacre da dignidade humana e injustiça social que vieram antes do PT foram o quê, o Paraíso?

Dilma é mulher, e não deve ter autoridade sobre o homem. Portanto, não pode ser Presidente. Não, não é piada, eu li isso de verdade, e fico constrangido em admiti-lo. Não é preciso comentar. Qualquer evangélico que concorde com esse pensamento obtuso certamente nem chegará comigo à leitura deste trecho - já me abandonou nas linhas acima.

Uma tal VINACC – Visão Nacional para a Consciência Cristã - da qual eu nunca havia ouvido falar, entra em ação e elabora uma “carta aberta para a sociedade brasileira”, “alertando quanto a votar nos candidatos dos seguintes partidos: PT, PCB, PV, PDT, PSTU, PC do B, PSOL e PCO.” A voz de comando é seguida a risca por alguns, tal qual mandamento extraído do Decálogo.

Pastores terroristas - muitos ligados a partidos de direita - vociferando de seus púlpitos ameaças e mais ameaças às suas apavoradas e perdidas ovelhas que não conseguem pensar por si mesmas, que no afã da busca pela liberdade em Cristo, encontraram a escravidão hipnotizante dos lobos vestidos com pele de cordeiro.

Não tenho problemas com quem vota no Serra por questões ideológicas, por juízo próprio, por diferenças de visão de mundo, por maneiras diferentes de entender o papel político, por programas de governo, por preferências partidárias, por convicções pessoais. Ao contrário, admiro quem tem opinião própria. Não brigo nem discuto com ninguém quando se trata de convicções político-partidárias - já fiz isso quando era mais jovem e não trouxe benefício algum. Aprendi com a maturidade - acho eu - a não defender político, porque amanhã eles certamente irão me decepcionar, fazer algo contrário ao que dizem hoje, e eu fico sem meus preciosos amigos que perdi nas discussões. Nenhum político vale o preço de uma amizade.

Meu problema também não é com os que, por razões pessoais, odeiam o PT e tudo que vem dele, independente do que seja. Nunca verão nada de positivo. Nenhuma possibilidade de abrandar suas críticas. Mas democracia é isto, estão todos no seu legítimo direito. E o partido, diga-se de passagem, oferece sua generosa parcela de contribuição.

Meu problema é com aqueles que, sob o disfarce de espiritualidade, exercitam o que há de pior no mundo das trevas, à base de blasfêmia, falsa acusação e calúnia.

Minha dificuldade é com aqueles que, sem perceber sua postura de ingenuidade e alienação, viram massa de manobra política nas mãos de líderes inescrupulosos.

E meu problema é com os que plantam e alimentam preconceitos, e não hesitam em lançar mão de meios desleais para impor suas convicções.

Não escrevo em nome de nenhum grupo evangélico.

Não recomendo voto a ninguém.

Tenho o meu voto. E gostaria muito que o respeitassem. Quero apenas ser livre para escolher conforme minha consciência, sem patrulhamento religioso, sem ter que nadar neste mar de boataria em que se transformou o meio evangélico nestes dias.

"A falsa testemunha não ficará impune; e o que profere mentiras perecerá." Provérbios 19:9

João David Cavallazzi Mendonça
Florianópolis - SC

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pessoal, cabeça pra fora que o Sol voltou!!!


Parque Ecológico do Córrego Grande, hoje de manhã...

Lagarteando

Com a volta do Sol hoje em Florianópolis, até o Jacaré de Papo Amarelo do Parque Ecológico do Córrego Grande resolveu lagartear ao lado de sua amiga tartaruga...


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Boi de Mamão

Este pequeno video gravado em julho de 2007 e publicado no meu antigo blog é o registro de uma apresentação do Grupo Folclórico Alivanta Meu Boi, da praia dos Ingleses - Florianópolis, numa festa organizada pela Associação dos Moradores do Jardim Albatroz.

Hoje, já ultrapassando 21 mil visualizações, republico no Bloguilhéu para quem ainda não viu ou não conhece essa maravilhosa festa que chamamos Boi de Mamão.

O Boi de Mamão é uma antiga manifestação folclórica do litoral de Santa Catarina, que conta a saga de um boi que morre e depois ressuscita. Outros personagens também aparecem, como a Dona Maricota, a Bernúncia, o Urso Branco, o Urso Preto, o Vaqueiro em seu Cavalinho.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Pátria Minha - Vinícius de Moraes

Pátria Minha
Vinicius de Moraes


A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."


Texto extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 383.

Fonte: Releituras.com
Origem: Facebook do meu amigo Henrique Silvério

sábado, 4 de setembro de 2010

25 livros comentados brevemente

Compartilho com os amigos e leitores do blog alguns livros que li entre janeiro e agosto de 2010, com breves comentários ao lado de cada título. De todos os vinte e cinco livros incluídos nesta relação, apenas um me desagradou.


Cartier-Bresson: o olhar do século
Pierre Assouline
L&PM Editores


Biografia de Henri Cartier-Bresson, um dos fotógrafos mais brilhantes de nossa história. Uma viagem pelo tempo na companhia deste artista que praticamente atravessou o século passado (nasceu em 1908 e morreu em 2004). Bresson é autor de muitas imagens famosas, registros da Guerra Civil Espanhola, de suas viagens à Africa, do funeral de Gandhi, e muitos outros momentos do século passado.




O símbolo perdido
Dan Brown
Editora Sextante

Para quem gosta de se prender numa história cheia de enigmas, o autor de O Código da Vinci oferece mais um banquete neste livro, com todos os ingredientes a que se tem direito. O assunto agora é Maçonaria. Não dá pra descansar enquanto não se chega ao fim do livro. 





Sinto-me só
Karl Taro Greenfeld
Ed. Planeta

Um livro muito humano e comovente, e ao mesmo tempo realista, sobre a história do autor e sua convivência com seu irmão mais novo, portador de autismo severo. O livro começa meio lento, mas na medida em que a história autobiográfica vai se desenvolvendo, somos levados a acompanhar emocionalmente a dura realidade das famílias com pessoas portadoras de deficiência, relatada aqui de maneira honesta e sem rodeios. E com um final surpreendente.




Tenha um pouco de fé
Mitch Albom
Ed. Sextante


Do mesmo autor do belo A última grande lição, esta é uma história muito interessante sobre fé.
Depois de receber do Rabino Albert Lewis o pedido para fazer seu discurso fúnebre, Mitch passa a visitá-lo nos fins de semana, relembrando a sua própria história de fé judaica da qual ele havia se afastado.
Ao mesmo tempo, ele fica intrigado com a história de Henry Covington, um ex-dependente e ex-traficante que converteu-se ao cristianismo e tenta manter uma velha igreja e um projeto de assistência a moradores de rua. 
O cruzamento destas duas histórias dão o tom deste emocionante livro.

Caim
José Saramago
Companhia das Letras

O estilo provocador e irônico de Saramago em sua força total, neste interpretação "herege" do principal personagem do relato bíblico sobre o início das coisas.
Como sempre, Saramago está "impecável", ao menos na escrita.


A cidade do sol
Khaled Hosseini


Um livro fantástico, que narra a história de duas mulheres afegãs marcadas pela brutalidade de sua cultura, em meio ao sofrimento de um país em guerra.


O livreiro de Cabul
Asne Seierstad
Ed. Record

Livro escrito por uma jornalista correspondente de guerra que trabalhou no Afeganistão. Após a queda do regime Talibã, ela morou durante três meses na casa de um livreiro em Cabul, e o livro surgiu a partir desta experiência. Muito interessante para conhecer as condições das famílias e especialmente das mulheres afegãs que vivem sob o fundamentalismo islâmico.

Comédias Brasileiras de Verão
Luis Fernando Veríssimo
Ed. Objetiva

Uma coleção de impagáveis crônicas tendo como pano de fundo as famílias brasileiras de classe média. Uma leitura irresistível que nos proporciona boas gargalhadas.


Hipnotizando Maria
Richard Bach
Integrare Editora

Este foi o pior livro que li este ano. Fui até ele com grande expectativa, por ter sido escrito pelo mesmo autor de Fernão Capelo Gaivota, pensando encontrar outra bela história, e deparei-me com o que há de pior na linha da auto-ajuda, bem ao estilo "O Segredo". Não recomendável para quem não gosta de filosofia de pára-choques de caminhão.

Like a Rolling Stone
Greil Markus
Companhia das Letras
Só mesmo Bob Dylan para inspirar um escritor a escrever a "biografia" de uma canção. Recomendadíssimo para quem quer conhecer os bastidores da música Like a rolling stone, e o alcance que ela teve na história contemporânea.

Múltipla Escolha
Lya Luft
O livro é bom, talvez um pouco repetitivo para quem já está acostumado a ler as obras da autora. Mas tem boas reflexões sobre a vida que valem a pena a leitura.


Memórias de minhas putas tristes
Gabriel Garcia Márquez

Para quem trabalha com o combate à pedofilia e à prostituição infantil, este pode ser um livro angustiante. Apesar de muito bem escrito - afinal, trata-se de Garcia Márquez, não consegui gostar da história de um velho jornalista que, para comemorar seus 90 anos, pede à uma amiga cafetina para lhe arranjar uma menina para passar uma "noite de amor louco com uma adolescente virgem.
A bem da verdade, o ato com a menina de 14 anos não se consuma, e talvez a idéia seja a de fazer uma metáfora sobre o amor verdadeiro ou puro, sei lá. Só sei que não consegui alcançar o espírito da coisa.
Entretanto, ler o autor de Cem Anos de Solidão é sempre uma experiência que vale a pena.


O cachorro que jogava na ponta esquerda
Luis Fernando Veríssimo
Ed. Rocco

Uma pequena e hilária história de um grupo de crianças que adoravam jogar pelada na rua, acompanhadas por um cachorro que acabou se transformando no craque do time.

Como sobreviver à própria família
Mony Elkaim
Integrare Editora

O curioso e irônico título do livro já dá uma dica do que vamos encontrar nesta obra do terapeuta belga Mony Elkaim. Aproveitando-se de histórias de consultório, cada capítulo é uma excelente reflexão sobre as dinamicas psicológicas que se estabelecem nas nossa famílias. Recomendo a todos que algum dia, em algum momento de suas vidas, já se fizeram a pergunta do título.

O menino do pijama listrado
John Boyne
Cia das Letras

Se tivesse que classificar, é bem provável que este seria escolhido o melhor livro que li neste ano até agora. Fiquei fã de carteirinha de John Brown, uma cara de 37 anos que teve uma grande sacada nesta história. E o segredo é não falar nada sobre o livro para não perder a graça. Sugiro inclusive não ler nem a orelha do livro. Emocionante e imperdível.

Os Espiões
Luis Fernando Veríssimo
Ed. Alfaguara Brasil

O bom humor já conhecido de todos nós, numa história de espionagem que tem como cenário o interior do Rio Grande do Sul. Diversão na certa.
O segredo do Genesis
Tom Knox
Bertrand Editora

Um thriller na linha de O código da Vinci e O símbolo perdido, bem ao estilo Dan Brown. É uma boa diversão.

A Humilhação
Philip Roth
Ed. Companhia das Letras

Philip Roth é impressionante. Através da história de Simon Axler, um ator em crise que perdeu sua auto-confiança para interpretar, Roth penetra - novamente - no mundo psicológico que nos é tão conhecido, com nossas crises, expectativas, insanidades e desejos. Um livro de narrativa rápida que nos prende por inteiro.


Os viúvos
Mário Prata
Ed. Leya Brasil

Mais um fera da Crônica Brasileira, Mario Prata traz neste livro uma hilariante história policial ambientada em Florianópolis, cidade em que está morando desde 2000. A trama foi criada a partir de um episódio real no qual o autor se viu em apuros com a Receita Federal. Para "exorcizar" seu "trauma" e dar uma espetada bem humorada no sistema de impostos no Brasil, nasceu a história deste livro. Muitos risos do início ao fim.


Do Universo à jabuticaba
Rubem Alves
Ed. Planeta

Este livro é a continuação do "Ostra feliz não faz pérola", em que Rubem reúne textos curtos e pensamentos breves sobre vários temas do dia-a-dia, como sexo, morte, infância, velhice. Muito agradável de ler, é daqueles livros que dá vontade de sublinhar tudo.

Conversa sobre o tempo
L. F. Veríssimo e Zuenir Ventura / Arthur Dapieve
Editora Agir

O livro é um registro escrito de um fim de semana de muita conversa entre  Veríssimo e Ventura, mediados pelo escritor Arthur Dapieve. O resultado é um delicioso bate-papo sobre vários temas do cotidiano, recheado de relatos pessoais de cada um. 



Eu Sou Ozzy
Ozzy Ousborne
Editora Benvira

O jeito divertido e cheio de sacadas engraçadíssimas com que Ozzy conta sua história acaba sendo uma maneira leve de relatar todo o sofrimento e a luta deste astro do Rock contra os vícios que dominaram toda a sua vida.  

O garoto no convés
John Boyne
Companhia das Letras



A fórmula é a mesma do livro anterior, O menino de pijamas listrados: um personagem fictício envolvido em algum fato histórico, a fim de narrar este acontecimento sob um outro ponto de vista. Desta vez, o episódio em questão é o motim do HMS Bounty, navio inglês que voltava de uma missao no Taiti, e cuja tripulação se revoltou, abandonando o Capitão e alguns fiéis em um barco em pleno alto-mar. A história é narrada sob o ponto de vista de um adolescente que estava no navio para livrar-se de uma pena por roubo em sua cidade natal.


A menina que roubava livros
Markus Zusak
Ed. Intrínseca

Linda e emocionante história de uma menina que viveu na Alemanha nazista e acompanhou de perto toda a tragédia da guerra sobre as família, inclusive a sua. Detalhe: a história é narrada pela própria Morte, que se deliciava com os acontecimentos relatados.


Indignação
Philip Roth
Companhia das Letras


Um excelente conto psicológico. Um jovem em busca de seu próprio caminho, tentando se emancipar de sua família super protetora e envolvendo-se nas mais diversas experiências. Roth escreve de uma maneira que nos prende do iníco ao fim da história.